Pessoas estão descobrindo detalhes perturbadores sobre suas origens genéticas, muitas vezes com a ajuda de empresas terceirizadas
Testes de ADN populares, como o 23AndMe e o AncestryDNA, têm revelado uma realidade preocupante nos Estados Unidos: a incidência de casos de incesto é muito maior do que se imaginava.
Embora esses testes não sejam projetados especificamente para detectar relações familiares incestuosas, muitas pessoas estão descobrindo detalhes perturbadores sobre suas origens genéticas, muitas vezes com a ajuda de empresas terceirizadas especializadas em análise genética.
Em reportagem especial sobre o tema, publicada pelo jornal britânico Daily Mail, Victoria Hill, de 39 anos, conta que, durante uma conversa casual sobre genealogia com um ex-namorado, descobriu que ambos compartilhavam uma estrutura familiar semelhante.
Após realizarem testes de DNA, Hill recebeu uma mensagem que mudaria sua vida: “Você é minha irmã”. O choque dessa revelação a traumatizou profundamente, revelando a complexidade de suas relações familiares.
Outro caso, conforme mostra a publicação, é o de Steve Edsel, da Virgínia, que descobriu através do AncestryDNA que seus pais eram parentes de primeiro grau – irmãos ou pai e filha.
A descoberta o deixou cheio de raiva e dor, pois sua concepção foi resultado de um provável abuso sexual cometido por seu avô contra sua mãe.
Pesquisas revelam dados alarmantes
Esses casos revelam uma prevalência de incesto maior do que a esperada nos EUA. Pesquisas recentes, incluindo análises de testes genéticos, estimam que a taxa de incesto pode ser de um em cada 7.000 casos, uma estatística muito mais alta do que a registrada em estudos anteriores, como uma estimativa de 1975 que apontava uma incidência de um em um milhão.
Esses testes de DNA, que inicialmente eram voltados para identificar predisposições genéticas e construir árvores genealógicas, trazem resultados alarmantes.
Os testes de DNA que chegam pelo correio, incluindo Ancestry e 23&me, podem ser ferramentas úteis para determinar se alguém tem predisposições genéticas para certas condições.
Jim Wilson, da Universidade de Edimburgo, que conduziu a pesquisa, disse ao Daily Mail: “Isso é muito, muito mais do que muitas pessoas imaginariam.”
As consequências para os descendentes de relacionamentos incestuosos podem ser graves. Bebês nascidos dessas relações enfrentam riscos aumentados de defeitos congênitos, distúrbios genéticos e problemas de desenvolvimento, como cegueira, surdez e diabetes neonatal.
Além dos impactos físicos, as descobertas também afetam profundamente a saúde mental e o bem-estar dos envolvidos.
Testes
Normalmente, se alguém quiser testar um possível relacionamento incestuoso, ele tem que enviar seu material genético para um serviço de terceiros. Não é algo que a AncestryDNA ou a 23&Me divulgam aos clientes.
Os testes de terceiros procuram por corridas de homozigose, ou ROH. Os genomas de crianças nascidas de incesto mostram uma “ausência de heterozigose”, o que explica por que seu DNA contém grandes pedaços que mostram que as contribuições genéticas do pai e da mãe são idênticas porque eles próprios compartilhavam muito de seu código genético.
Testes de DNA enviados por grandes empresas revelaram outros segredos familiares preocupantes que têm abalado a vida das pessoas.
