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Os meios de comunicação e o partido no poder declararam a favorita Claudia Sheinbaum como vencedora das eleições presidenciais do México após o encerramento das urnas no domingo, colocando-a no caminho para ser a primeira mulher presidente do país.
O canal de televisão NMAS e o jornal El Financiero disseram que suas pesquisas mostraram a vitória de Sheinbaum, embora não tenham fornecido números.
Mario Delgado, líder do partido governista Morena, disse a apoiadores na Cidade do México que Sheinbaum venceu por uma margem “muito grande”.
A caminho da votação na manhã de domingo, Sheinbaum disse aos jornalistas que foi um “dia histórico” e que se sentiu à vontade e contente. Sua vitória representa um grande passo para o México, um país conhecido por sua cultura machista, e seu mandato de seis anos terá início em 1º de outubro.
As maiores eleições de sempre no México foram também as mais violentas da história moderna, com o assassinato de 38 candidatos. A violência mortal despertou preocupações sobre a ameaça dos cartéis de drogas em guerra à democracia. No domingo, duas pessoas foram mortas em locais de votação no estado de Puebla.
Sheinbaum, que liderou de forma convincente nas pesquisas de opinião sobre seu principal concorrente, Xochitl Galvez, será encarregada de enfrentar a violência do crime organizado. Mais pessoas foram mortas durante o mandato do presidente cessante, Andrés Manuel Lopez Obrador, do que durante qualquer outra administração na história moderna do México, embora a taxa de homicídios tenha diminuído ao longo do seu mandato.
2 mortos no domingo
A violência não se limitou aos candidatos. Duas pessoas foram mortas em violência nos centros de votação no domingo, enquanto as pessoas votavam.
A votação foi suspensa em um local de votação depois que uma pessoa foi morta em um tiroteio em Coyomeapan, uma cidade no estado de Puebla, informou a autoridade eleitoral estadual à tarde. O procurador-geral do estado confirmou outra morte num centro de votação em Tlanalapan, também em Puebla.
A violência mortal alimentou preocupações sobre a ameaça dos cartéis de drogas em guerra à democracia.
Longas filas nos locais de votação
Galvez, uma senadora que representa uma coligação de oposição composta pelo Partido Revolucionário Institucional (PRI), o PAN de direita e o partido de esquerda PRD, conversou com apoiantes antes de votar na manhã de domingo.
“Deus está comigo”, disse Galvez, acrescentando que esperava um dia difícil.
Havia longas filas de eleitores fora dos locais de votação, mesmo antes de estes abrirem, às 8 horas, hora local, com alguns relatos de aberturas atrasadas.
“Parece-me um sonho. Nunca imaginei que um dia votaria numa mulher”, disse Edelmira Montiel, de 87 anos, apoiante de Sheinbaum em Tlaxcala, o menor estado do México.
“Antes não podíamos nem votar, e quando você podia, era para votar na pessoa em quem seu marido lhe dizia para votar. Graças a Deus isso mudou e eu posso viver isso”, acrescentou Montiel.
Quase 100 milhões de mexicanos puderam votar nas eleições de domingo. Outros cargos-chave também estavam em disputa, incluindo oito governos e ambas as câmaras do Congresso.
‘Inundado de sangue’
“O país está inundado de sangue como resultado de tanta corrupção”, disse Rosa Maria Baltazar, 69 anos, eleitora do bairro de classe média alta de Del Valle, na Cidade do México. “Desejo uma mudança de governo para o meu país, algo para uma vida melhor.”
O presidente cessante, Andrés Manuel López Obrador, pairou sobre a campanha, procurando transformar a votação num referendo sobre a sua agenda política. Sheinbaum rejeitou as alegações da oposição de que ela seria a sua “fantoche”, embora tenha prometido continuar muitas das suas políticas, incluindo aquelas que ajudaram os mais pobres do México.
Os desafios futuros para o próximo presidente incluem também resolver a escassez de electricidade e água e atrair os fabricantes para se deslocarem como parte da tendência de nearshoring, em que as empresas aproximam as cadeias de abastecimento dos seus principais mercados. O vencedor das eleições também terá de lutar para decidir o que fazer com a Pemex, a gigante petrolífera estatal que viu a produção diminuir durante duas décadas e está afogada em dívidas.
Ambos os candidatos prometeram expandir os programas de assistência social, embora o México tenha um grande défice este ano e um crescimento lento do PIB de apenas 1,5% esperado pelo banco central no próximo ano.
Presidência de Trump pode complicar relacionamento com os EUA
O novo presidente enfrentará negociações tensas com os Estados Unidos sobre os enormes fluxos de migrantes com destino aos EUA que atravessam o México e a cooperação em matéria de segurança sobre o tráfico de drogas, numa altura em que a epidemia de fentanil nos EUA aumenta.
As autoridades mexicanas esperam que estas negociações sejam mais difíceis se a presidência dos EUA for conquistada por Donald Trump em Novembro. Trump, o primeiro presidente dos EUA a ser condenado por um crime, prometeu impor tarifas de 100% sobre os carros chineses fabricados no México e disse que mobilizaria forças especiais para combater os cartéis.
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